GENTE QUE MARCOU HISTÓRIA
Bibiano
Francisco de Souza (05/05/1878- ?/?/1949)
Para poucos,
este nome diz algo diretamente. O
Tenente da Guarda Nacional Bibiano Francisco de Souza. Um ser humano que marcou sua passagem em sua
região.
Bibiano Francisco de Souza, a cavalo, com menino adotivo.
Especialmente Rincão Seco, Santa Clara do Ingaí, Fortaleza dos Valos e
circunvizinhança.
Nasceu em
Três Capões em 05 de maio de 1878 e faleceu em 1949 aos 71 anos de idade.
Foi
comerciante em Rincão Seco onde criou uma família de sete filhos aos quais
citamos Rodolfino Francisco de Souza (Dr. Nenê) que foi vereador da cidade de
Ibirubá na década de 1960. E, o Tenente Assis Brasil de Souza que residia na
cidade de Quinze de Novembro mudando-se depois para Ibirubá.
"Seu"
Bibiano, como era chamado pelos seus amigos e que aos quais encantou-os por sua
maneira própria de ser e principalmente com sua maneira divertida, impetuosa e
de escárnio viver.
Conta-se que
Bibiano em uma "roda de
chimarrão" com uma turma de topógafos da Cartografia Nacional Brasileira, quando
estava acampada, na localidade de "Passo da Divisa", o chefe da
expedição se esnobava dizendo ser um dos poucos brasileiros que conhecia os
então 22 Estados do Brasil. Mas, "seu" (Sr.) Bibiano afirmava que conhecias mais três
(3) Estados, após muita discussão geográfica e quando o "clima" já
estava ficando "pesado", ele esclareceu: conheço 25 Estados do
Brasil, os 22 que o senhor citou e mais os Estado de Sítio, da Embriaguês e da
Miséria.
Em outra
ocasião (1937) estando bebericando na Casa Comercial de Leopoldinho Peuckert
(Póique), em Santa Clara do Ingaí, apareceu um mascate vendendo aparelho radiofônico,
que para ser carregado precisava de duas pessoas, e sua energia vinha de uma
bateria de automóvel. O vendedor começou a falar das maravilhas daquela
giringonça; Era só apertar um botão, girar um ponteiro e eis que se podia ouvir
até a longínqua Alemanha (Germany) . A
vítima (comprador) no entanto, desconfiando de tudo, não se mostrava
interessada. Foi quando Bibiano resolveu entrar na conversa para despachar o
importuno e disse-lhe:
- Olha moço, aqui você está lenhando em mato
errado, se quiser vender essa coisa tem que procurar o meu compadre Chico Pinto
na Fortaleza (cidade de Fortaleza dos Valos) pois este sim, não deixa passar
novidade.
O vendedor
mais que depressa, empacotou o seu artigo (rádio) e seguiu com seu flamante "Ford
de Bigode" (ver foto) a procura do primeiro estabelecimento comercial à
esquerda de quem chega na Fortaleza – pois era o endereço que recebera de
Bibiano – Qual não foi o espanto e a surpresa do "picareta" (pessoa
desonesta e de má índole) quando soube por informações dos moradores locais de que o Chico Pinto morava
embaixo de umas costaneiras (A primeira e última tábua de um tronco serrado em
diversas folhas) e em cima de um barranco (beira de um precipício).
Ford 1929: "Ford
de Bigode"
Em outra
ocasião, na "venda" (Casa Comercial) do Major Celestino Peuckert, na
localidade de "Passo do Lageado" um transeunte desconhecido, alto, bigode
grande, gadeiúdo (cabelos longos), pistola atravessada na guaiaca (cinto de
gaúcho), pedindo um liso de cana (cachaça). Sentado ao canto do balcão, Bibiano
observava com cuidado e de repente lascou (disse): - Que mal lhe pergunto, mas o amigo de onde
vem?E o
desconhecido respondeu:- Eu ando
caminhando mundo!E Bibiano
voltando a "carga" (charla, prosa, conversa) disse:- Acho que
lhe conheço, nós somos companheiros de xadrez !
A afirmação
teve um efeito de um tiro para o desconhecido, que, mais que depressa respondeu
que nunca foi para o xadrez (presídio) e já se preparava para sacar a arma,
quando Bibiano disse:
- Calma,
companheiro! Você não está com uma camisa xadrez? E eu não estou tambem com uma camisa xadrez?
Então nós somos companheiros do xadrez. E dando uma boa gargalhada pagou um "trago"
(copo de cachaça) ao novo amigo.
Já em seu
leito, acometido pela doença da qual viria a falecer; Perguntou ao médico se
poderia comer melancia, e recebendo uma
resposta negativa, disse-lhe: - Mas, nem
tirando a casca, doutor?
Assim foi
Bibiano, homem simples, espirituoso e companheiro. Marcou a sua
passagem, deixou amigos que, saudosos, nos transmitem traços marcantes de seu
caráter.
Bibiano e sua prole
Sobre
Bibiano poder-se-ia escrever um livro, mas esta resenha/crônica tem apenas o
objetivo de, talvez, induzir alguém a escrever sobre outras pessoas que
marcaram e ajudaram a construir as filigranas de nossa história comunitária !
Texto
extraído de recorte de jornal regional de autoria de F.M.G. DÜRR. (sem data)
Fotos:
Bibiano e família: Arquivo pessoal.
Ford 1929 "Ford
de Bigode":
http://maniacossporcarros.blogspot.com.br/2012/07/colecionadores-de-carros-antigos-raros.html
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